Cientistas encontram
vida no Lago Vostok
Mais de três
mil organismos foram registrados no lago que está a quase 4 km da superfície
glacial da Antártica
Equipe de cientistas russos que conseguiu perfurar a
superfície da Antártica até encontrar o lago subterrâneoAFP
Cientistas encontraram sinais de vida num local até então
improvável. Análises do gelo do Lago Vostok, o maior dos quase 400 lagos
subterrâneos conhecidos na Antártica, revelaram a existência de DNA de 3.507
organismos. Após mais de uma década de perfuração intermitente, a Rússia
atravessou no ano passado a crosta congelada da Antártica e recolheu amostras
da água do lago que permaneceu intocado durante pelo menos 14 milhões de anos,
numa profundidade de 3.768 metros sob a superfície glacial. O estudo foi
publicado no periódico “PLoS One”.
A diversidade de vida encontrada surpreendeu cientistas, já
que muitos tinham pensado que o lago seria estéril devido às condições
extremas. A descoberta aumenta a esperança de haver vida em outros ambientes
extremos do planeta e até fora dele. Biólogos têm um interesse especial em
lagos, pois as condições existentes neles não devem ser muito diferentes das
que existem em corpos de água líquida provavelmente existentes sob a superfície
de das luas geladas do Sistema Solar exterior. Uma das luas de Júpiter, a
Europa, por exemplo, é coberta com uma camada de gelo que pode esconder um
oceano líquido embaixo.
- Encontramos muito mais complexidade do que se pensava.
Isso realmente mostra a tenacidade da vida, e como os organismos podem
sobreviver em lugares onde uma dúzia de anos atrás, pensávamos que nada poderia
sobreviver - afirmou ao "Telegraph" Scott Rogers, biólogo da
Universidade Estadual Bowling Green, em Ohio, nos Estados Unidos.
Quase 94% das sequências são de bactérias, enquanto que um
pequeno grupo (6%) de organismos multicelulares mais complexos (eucariotas).
Isoladas do resto do mundo, algumas sequências de DNA encontradas são novas
para a ciência e podem ser de espécies que evoluíram nas profundidades do lago.
Parte dos organismos é comumente encontrada no sistema digestivo de moluscos,
crustáceos e até peixes.
- As sequências sugerem que um ambiente complexo deve ter
existido no Lago Vostok - disse Rogers. - Há mais de 35 milhões de anos, o lago
era aberto para a atmosfera e cercado de um ecossistema de floresta.
Provavelmente, os organismos foram se adaptando às mudanças de condições entre
15 a 35 milhões de anos atrás, quando o lago se converteu de um sistema
terrestre para o subglacial.
Cientistas hoje sabem que a Antártica é sustentada por uma
grande rede de rios, e muitos dos organismos identificados, ou seus traços,
talvez possam ter sido levados ao Vostok pelo oceano. O lago está a 200 metros
abaixo do nível do mar.
Identificado em 1956 pelos russos e mapeado na década de
1990 pelos britânicos, o Vostok cobre uma área de 15 mil quilômetros quadrados
e tem profundidade de até 800 metros. Pesquisadores acreditam que o lago esteve
fechado para a atmosfera por muitos milhões de anos.
A equipe também descobriu bactérias que se desenvolvem em
ambientes quentes, como em torno de fontes hidrotermais vulcânicas no fundo do
mar. Se essas aberturas existissem de fato no Vostok, elas poderiam fornecer
"fontes de energia e nutrientes vitais para os organismos que vivessem no
lago", descreveu o artigo da PLoS One.
Segundo o estudo, a combinação de frio, calor (da possível
atividade hidrotermal), pressão (da geleira), quantidade limitada de nutrientes
e completa escuridão são os desafios da vida ali. As análises foram feitas a
partir de quatro seções do Vostok. Na maior parte do lago, as amostras de gelo
contém reduzidos índices de minerais, íons, carbono e biomassa.
Tomado de o globo de
br
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