viernes, 29 de abril de 2016

NO DIA DO MEIO AMBIENTE, CONHEÇA A HISTÓRIA DE CINCO PESSOAS APAIXONADAS PELO GUAÍBA perto de Puerto Alegre Brasil

 No Dia do Meio Ambiente, conheça a história de cinco pessoas apaixonadas pelo Guaíba
Museu, máquina para despoluir, prancha feita de pet, monitorar a fauna e flora e guia de pesquisadores. Essa é a missão de vida de cinco pessoas que dedicam o tempo ao nosso lago.
Por: Lara Ely
Foto: Bruno Alencastro / Agencia RBS
Um museu para valorizar arte, história e educação sobre as águas. Uma máquina despoluidora para limpar as areias da orla. Uma prancha ecológica montada somente com materiais reciclados, como garrafa pet, canos de PVC e tábuas de carne, retirados do lixo.  Uma ONG que monitora espécies de fauna e flora. E um pescador que, após sofrer com a diminuição de peixes em Barra do Ribeiro, trocou a pesca pelo turismo e virou guia de pesquisadores. No Dia do Meio Ambiente, conheça a história de cinco pessoas apaixonadas pelo Guaíba e os projetos que tocam adiante para torná-lo um local mais convidativo à população.
O homem que dedica à vida ao mapeamento da vida no Guaíba
O catálogo de espécies de fauna e flora ao redor do Guaíba foi o mote que levou ao surgimento do Eco Instituto Guaíba de Monitoramento. A iniciativa tem jeito de pesquisa acadêmica ou fiscalização governamental, mas é projeto pessoal de um homem que perdeu a filha de forma inesperada e quis reencontrar um sentido para a própria vida.
Criada oficialmente há um ano pelo empresário do ramo alimentício Vinicius Brasil, a entidade realiza desde 2011 o mapeamento da degradação de margens do Guaíba.
O trabalho é feito a partir do registro de espécies encontradas ao longo das margens. O projeto-piloto começou em Barra do Ribeiro, local que, por água, fica 18 quilômetros distante da zona sul de Porto Alegre. Os arroios Ribeiro, Capivara e Araçá, primeiros a serem vistoriados, apresentaram fortes sinais de assoreamento das matas ciliares.
— Nossa intenção é ter material para poder comparar e saber o que desapareceu com o passar dos anos — diz. 
Após 11 saídas de campo, 11 mil quilômetros percorridos e 196 horas de expedição, a equipe de voluntários reunida por Comaretto mapeou 82 espécies de aves, 24 de peixes e 13 de mamíferos, entre eles, três ameaçados de extinção. Entre os animais mais raros encontrados estão quati, tatu-galinha, graxaim, lontra e gato-do-mato. A partir desse primeiro relatório, a proposta é ampliar o estudo para outras regiões, como a Lagoa dos Patos.
A mulher que tira arte das margens do Guaíba
Imagine um espaço dedicado à educação, arte e história do Guaíba situado na orla, com exposições, shows, maquetes, palestras, e divulgação de pesquisas. Há um grupo em Porto Alegre empenhado para que esse projeto saia do papel. Inconformados com a distância da população em relação à orla, os criadores do projeto do Museu das Águas de Porto Alegre (Musa) contam com mais de uma dezena de apoiadores, como a UFRGS e o Dmae.
O projeto surgiu há quase uma década e parecia ter ganho força depois que o prefeito José Fortunati se comprometeu publicamente a destinar uma área para o museu, há três anos. Mas o plano não avançou. Uma das idealizadoras mais vibrantes, a artista plástica Zorávia Bettiol explica que a área pretendida para a construção está entre o Parque Marinha do Brasil e o Anfiteatro Pôr do Sol.
Idealmente, o prédio de 12 mil metros seria erguido em uma área de três hectares cedida pela prefeitura. O projeto viria de um concurso nacional, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), com recursos da Agência Nacional das Águas (ANA).
Zorávia critica o que considera falta de vontade política, mas sabe que o principal entrave é obter os recursos — o prédio custaria R$ 50 milhões.
— A palavra mais importante é o conhecimento e o respeito com a natureza. Tenho de ter comprometimento para que o ciclo seja renovado e mantido. Precisamos da mata ciliar nas margens dos rios e lagos, senão nosso consumo está ameaçado — afirma.
O pescador que virou guia turístimo na região do Guaíba
Aos 72 anos, o pescador Luiz Carlos da Silva, diz que seu principal currículo é morar há quatro décadas no mesmo lugar e estar casado com a mesma mulher. Com a mudança de perfil no peixe existente no Guaíba, sua ocupação original de pescador foi mudando e, hoje, ele sente uma espécie de crise de identidade profissional.
Antigo morador de Barra do Ribeiro, o Bode, como é conhecido na região, ocupa-se de buscar barcos em São Jerônimo, levar pesquisadores para conhecer as entranhas do Guaíba ou fazer turismo com um ou outro visitante que se atreva a desbravar as águas. Também conserta motores e faz pescarias eventuais, só para não perder a prática e relaxar vez ou outra.
A diminuição na quantidade de peixes disponível obrigou Silva e dezenas de outros pescadores como ele a buscar renda extra em terra firme. Acostumado a viver da pesca, ele diz que o aumento da quantidade de lixo e a poluição decorrente dos esgotos e das plantações de arroz deixou a pescaria muito ruim.
— Os que ainda sobrevivem da pesca estão passando dificuldade. A piava não existe mais. A tainha é peixe de safra. O bagre está escasso também. Mas pescaria é que nem cachaça, por isso a gente se vira como dá — conta.
Filiado à Colônia Z5 da Ilha da Pintada, ele diz que, antigamente, costumava pescar em qualquer lugar, mas, hoje, achar peixe é quase como tirar na loteria.
O homem que tem a missão de aproximar as pessoas do Guaíba
Até parece estranho que a Associação Brasileira de Esportes de Praia (Abep) tenha surgido na capital gaúcha, e não em uma cidade litorânea, como o Rio de Janeiro. Mas foi justamente para surpreender os moradores em relação à orla que o empresário do ramo esportivo Alexandre Maia criou uma ONG cuja missão é aproximar as pessoas do Guaíba.
Os mutirões de limpeza e torneios como beach tennis e futevôlei estão entre as principais estratégias da entidade. Para turbinar a presença de atletas na areia, Maia aposta na compra de uma máquina despoluidora, comum em países como Espanha, Finlândia, Itália, México, Costa Rica e Cuba.
— É a solução para que o encontro da cidade com o Guaíba não acabe com um pé cortado em vidro ou em um prego enferrujado. O tratamento a médio prazo possibilita a não proliferação de doenças, investimento no turismo local e geração de empregos para a comunidade — afirma.
Arrastada por um pequeno trator, a máquina funciona como uma peneira. Elimina resíduos como pontas de cigarro, tampas de garrafas, anéis de latas e vidros, e retira bactérias existentes.
Segundo Maia, o licenciamento do aparato que pode retirar até 15 mil metros quadrados de sujeira por hora está em análise pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). Ele pretende estabelecer um termo de cooperação para gestão do equipamento. Enquanto isso, a Abep arrecada fundos para a compra da máquina, que custa R$ 140 mil.
O surfista que rema com garrafa pet
Quando conheceu o surfista profissional Jairo Lummertz e seu projeto da Prancha Ecológica, o remador Leandro Raí viu que transformar garrafas pet em pranchas de surfe e stand up paddle (SUP) seria sua forma de colaborar com a limpeza do Guaíba.
Há 10 anos, Raí ensina crianças a construírem seus próprios instrumentos de lazer e diversão. Diferentemente da versão original da prancha, que custa entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, o custo de um SUP ecológico é bem baixo, variando entre R$ 120 e R$ 200. Para sua fabricação, Raí usa de 50 a 120 garrafas:
— Uma vez que as garrafas são reunidas, coloca-se ar comprimido, lixa-se e, após fazer o encaixe de uma na outra, cola-se com uma tinta à base de água. A estrutura leva canos de PVC, para não desmanchar, restos de tatame como base para os pés e tábuas de carne como quilhas, tudo tirado do lixo.

Surfistas de renome mundial como Kelly Slater e Gabriel Medina já experimentaram a engenhoca. Na sexta, Raí ensina como fazer a prancha ecológica em Ipanema, a partir das 9h, durante a Semana do Meio Ambiente. Tomado de zero hora , de rgs br 

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